Luís Fernando Veríssimo – As Cobras em: Se Deus existe, que eu seja atingido por um raio

Luis Fernando Verissimo desenhou As Cobras durante quase trinta anos, para vários jornais. Em 1997, ao completar 60 anos, o escritor concluiu que “não ficava bem um sexagenário desenhando cobrinhas” e as aposentou.
No livro ressurgem personagens antológicos como Dudu o Alarmista, Queromeu o Corrupião Corrupto, as lesmas Flecha e Shirley, e séries como as Cobras “no Espaço”, “na Praia” e “frente ao infinito”.
São personagens criados no início dos anos 70, quando Veríssimo escrevia diariamente para o jornal Folha da Manhã, de Porto Alegre. A idéia era “um desenho rápido, que não desse muito trabalho e substituísse o texto da minha coluna, nas edições de sábado”, explica o autor. “Por que cobras? Porque cobras é fácil de desenhar. Cobra é só pescoço e não tem mão.”
Três anos mais tarde, já cult na imprensa gaúcha, As Cobras apareceram pela primeira vez em livro junto com outros desenhos (As Cobras e outros Bichos, L&PM, 1977). Na introdução ao livro, Verissimo afirma que já desenhava antes de escrever, mas faz uma avaliação bem-humorada de seus dotes artísticos:
“Tenho um problema curioso para um desenhista. Não sei desenhar. Isto não me impede de insistir com o desenho, apesar dos conselhos de amigos, das indiretas da família e de telefonemas ameaçadores. Insisto, em primeiro lugar, por conveniência. Não digo que uma imagem valha mil palavras, mas umas 500 – o necessário para encher uma coluna de jornal – vale. Qualquer cronista diário daria a sua mão direita para poder desenhar em vez de escrever, de vez em quando, se fosse canhoto.”
Exagerado na auto-crítica, claro. As tiras das Cobras têm a concisão dos melhores humoristas e a linguagem certeira de um dos textos mais admirados do país.

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